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Pesadelo Country Hotel

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No post anterior falei sobre minha vontade de tirar férias… O problema é que, quando lembro de algumas férias que já tirei, já penso logo em desistir. O motivo são alguns traumas do passado… Já falei aqui da minha ojeriza às praias e já falei da confusão que arrumei na Disney… Mas nada se compara ao ano em que fiz a burrice de passar as férias em um hotel fazenda!!!

Lembrando disso, hoje em dia, já me bate um arrependimento. O que diabos eu fui fazer em um hotel fazenda? Na época, meus filhos eram pequenos e achamos que eles iam gostar do passeio, de ter contato com a natureza…. De fato, eles gostaram… Mas acho que só eles gostaram…

A viagem para chegar até lá já foi aquele martírio. Assim que entramos na estrada, uma das crianças já soou o alarme: “quero fazer xixi”. Porra!! Por que a pessoa espera sentar dentro do carro pra ficar com vontade de fazer xixi? Por que não fez antes? Agora não tem onde parar… Enfim, pros meninos é mais fácil resolver essa questão… Mas depois começa aquela outra amolação tradicional: “Tá chegando? E agora, tá chegando?”… Mas que cacete!!! Quando estiver chegando eu aviso vocês!!!! A gente ainda estava na estrada e eu já me arrependia de ter inventado essa viagem.

Ok… Chegamos finalmente ao hotel fazenda… Deixamos as malas no quarto, fomos dar uma volta pra conhecer o local e já fomos logo abordados por alguém que eu preferiria manter bem longe de mim: um monitor!! Isso mesmo… Uma pessoa toda animada, de shorts, regata e bonezinho veio nos abordar… Disse que seria o nosso monitor em todas as atividades durante nossa estadia no hotel… Todas atividades? Foi isso mesmo que ele falou? Já disse logo que não queria saber de atividades e sabe o que o cara disse? “Ah, esse é do tipo que se faz de difícil.. No fim são os que mais se divertem nas atividades”.. Deixei bem claro que não queria saber de atividade nenhuma e o mala disse que não ia me dar sossego, que ia fazer eu suar a camisa…. Porra, eu queria férias e descanso e ele vem me falar de suar a camisa.

Enfim, foi tudo realmente um grande pesadelo… Eu chegava na beira da piscina e aquele imbecil já vinha com aquele bonezinho ridículo e um apito pendurado no peito… Eu não sei de onde esse pessoal tira tanta disposição e tanta animação: “Vamos lá, seu Walmor, vamos começar o dia com um aquecimento e uma partidinha de vôlei dentro da piscina!!” Mas era só o que me faltava. Já disse que não ia fazer nada disso mas minha mulher ficava insistindo… Eu disse que não ia, mas o pessoal queria até me obrigar…. Começaram a me puxar pra dentro da piscina e eu me agarrei no pé de uma mesa… No fim, me puxaram com tanta força que acabaram me segurando na marra e um imbecil deu a idéia de me jogar na piscina!! Me jogaram de roupa e tudo… O pessoal rachou o bico, mas eu não achei a menor graça… Eu queria mesmo era matar um naquele instante… Saí de lá rogando praga em todo mundo ao meu redor…

A partir dali, foi um martírio atrás do outro, ao longo dos dias. Pior de tudo foi o dia em que inventaram um passeio em cavalos… Montei numa égua que falaram que era mansa, mas de mansa ela não tinha nada… Eu nunca tinha subido num bicho daqueles, e, não sei por que, o bicho disparou a galopar… E eu não conseguia faze-la parar… Comecei a gritar desesperado por socorro, pra alguém me ajudar, e, a danada corria cada vez mais… Instintivamente, puxei as rédeas com tudo… A égua desgraçada deu um empinão que me mandou direto pro solo… Cai com as costas no chão e dei um mal jeito desgraçado na minha coluna… Precisaram correr comigo pro pronto socorro e descobri que desloquei a clavícula… Voltei pro hotel com um baita colete de gesso e ainda por cima com o pescoço imobilizado.

Passei o resto dos dias desse jeito… Foi uma maravilha!! Ficava sentado na beira da piscina, todo engessado, sem poder fazer nada… Aquilo, pra mim, foi uma dádiva, uma benção dos céus… Nenhum monitor veio me pegar pra participar de “atividades”… Não fui mais obrigado a brincar em gincanas imbecis e muito menos a andar em bichos selvagens que não foram feitos para pessoas urbanas como eu… Não podia ter acontecido nada melhor pra mim… A partir desse ano, passei a me precaver melhor em relação a minhas férias… Normalmente, prefiro passar trancado dentro do meu apartamento… Sem monitores, sem sol, sem piscina, sem atividades… Mas nas vezes em que a viagem com a família foi inevitável, já saí de casa precavido… Depois daquele ano, nunca mais eu viajei sem o meu colete de gesso!!

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